Brava gente



OS QUATRO ELEMENTOS
... "Seja terra", disse o mestre.
"A terra recebe os dejetos de homens e animais, e não é
perturbada por isto; muito pelo contrário, transforma as impurezas em adubo, e fertiliza o campo".
"Seja água", disse o mestre.
"A água limpa a si mesma, e limpa tudo aquilo que toca. Seja água em torrente".
"Seja fogo", disse o mestre.
 "O fogo faz a madeira podre transformar-se em luz e calor. Seja o fogo que queima e purifica".
"Seja vento", disse o mestre.
"O vento espalha as sementes sobre a terra, faz o fogo arder com mais brilho, empurra as nuvens - para que a água caia sobre todos os homens".
"Se você tiver a paciência da terra, a pureza da água, a força do fogo, e a justiça do vento, você está livre."
                                                                                                                            “Mensageiro da Luz.”

     Eduardo Alves da Costa
        O poema que Maiakovski não escreveu
“Na primeira noite eles se aproximam / roubam uma flor / do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem: / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada./ Até que um dia / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz, e, / conhecendo o nosso medo / arranca-nos a voz da garganta./ E já não dizemos nada.”
Um poeta brasileiro, autor destes versos, tem sido confundido, com freqüência, nas quatro últimas décadas, com o poeta russo Wladimir Maiakovski.
Os equívocos cometidos, as leituras apressadas, uma provável desatenção e, até mesmo, certo descaso com a produção poética brasileira contemporânea, já produziram interpretações impensadas e informações à beira de um ataque de sandice no meio cultural brasileiro. Comentários e artigos de algumas personalidades, de gente ilustrada e lida, têm reanimado a confusão e perpetuado um erro, no mínimo, culpado por uma séria injustiça que desvaloriza um dos grandes nomes da poesia brasileira particularmente criada na segunda metade do século 20. O poeta em questão, é o fluminense , nascido em Niterói (RJ)


O poema mais popular do autor, "No caminho, com Maiakóvski", escrito na década de 1960 como manifestação de revolta à intolerância e violência impostas pela ditadura militar, foi envolvido em uma série de equívocos quanto à atribuição de autoria. Para alguns, o texto era do poeta russo Vladimir Maiakóvski. Para outros, o verdadeiro autor era o dramaturgo alemão Bertold Brecht

Ver também a poesia completa do brasileiro Eduardo Alves da Costa, no site abaixo:

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CABOCLADA DE FORDLÂNDIA NÃO QUIS ENTRAR NA LINHA

O Sonho de Henry Ford: Uma civilização plantada na Amazônia

Rua do comércio, casinhas alinhadas, praça, escola, igreja. Poderia ser a mais comum das vilas, não fosse a localização no tempo e espaço: Amazônia, final dos anos 1920. Foi por causa da borracha para pneus que o norte-americano Henry Ford decidiu ter um seringal no país. Só que naqueles 15 mil quilômetros quadrados de selva, onde havia só uma ou outra cabana de palha “imaginou estar plantando uma civilização, além de seringueira” Quem analise e Greg Grandin, autor de livro sobre Fordlândia, como foi nomeado o povoamento. De um lado, os administradores custaram a encontrar apito de fábrica que não enferrujasse naquele clima. De outro, trabalhadores que mal tinham ouvido um sino de igreja na vida precisaram se habituar às ordens da sirene. Por ali o povo sempre organizou o trabalho ao longo do dia, de acordo com o sol; e ao longo do ano, seguindo período de chuva ou estiagem. Mas a natureza não interferia na rigidez dos cartões de ponto. Em cada detalhe ficava claro a falta de compreensão entre os dois mundos. Os trabalhadores solteiros foram proibidos de sair da propriedade para bares e bordeis. Em Fordlândia era vedado o uso de bebidas alcoólicas. Todos tinham que comer no refeitório da fábrica, sendo descontado direto do salário. Para piorar nada de farinha e peixe no cardápio. Só aveia, pêssego enlatado, arroz e pão de trigo integral. Um refeitório instalado em 1930 era mais moderno, de concreto, mas não deixava o ar entrar como o antigo, com teto de palha e paredes até a metade. Certo dia um pedreiro do Rio Grande do Norte cansou-se da fila para entrar no refeitório e causou uma confusão. Começou com uma discussão com um coordenador, seguiu com um quebra-quebra e tudo que havia no refeitório, e terminou com uma massa descontrolada destruindo o que podia no povoado.
Depois do episódio, conhecido como revolta das panelas, os trabalhadores apresentaram uma série de reinvidicações. Henry Ford não aceitou ceder em ponto algum. Trocou toda mão de obra e também o lugar da vila. Não conseguiu, no entanto, lutar contra a floresta por muito tempo. Em 1945, as seringas foram infestadas por um fungo a filial local da For fechou as portas de vez, deixando duas cidades fantasmas na selva. Sem dormir nenhuma única vez em sua suíte à beira do rio Tapajó, o pioneiro das linhas de montagem levou prejuízo de mais de 100milhões de dólares.
Brasil Almanaque de cultura popular – Ano 12   Setembro / 2010 N° 137

Col. Henry Ford / Reprodução
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Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas.

Nascimento em 20 agosto de 1889 – Cidade de Goiás e morte 10 abril 1985 Goiânia – 95 anos

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foi uma poetisa e contista brasileira. Cora Coralina, uma das principais escritoras brasileiras, publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade.
Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.
Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente mudou-se para Penápolis, interior do estado de S.P. onde passou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás. Ao completar cinquenta anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do medo". Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada                                                      
 A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.

“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e sua poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.
Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.

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Mario Quintana


Conhecido pela genial simplicidade de seus textos, Mario de Miranda Quintana é considerado um dos maiores poetas brasileiro do século XX. Nascido em 30 de julho de 1906, em Alegrete, consagrou-se como um dos grandes nomes da literatura nacional. Era o poeta do cotidiano e do lirismo suspenso no ar. Costumava dizer que sua vida revelava-se em seus versos.

Faleceu em 5 de maio de 1994, aos 87 anos, sendo imortalizado Pela Casa da Cultura que levou o seu nome.

São de sua autoria: A rua dos Cataventos – 1940, Sapato Florido – 1948 O Aprendiz de Feiticeiro – 1950, O espelho Mágico – 1951, Pé de Pilão 1968, Caderno H – 1973 , Apontamentos de História Sobrenatural – 1976, Esconderijos do Tempo – 1980, Lili Inventa o Mundo 1983, A cor do Invisível – 1989

O VELHO NO ESPELHO

Por acaso, surpreendo-me no espelho: Quem é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto... é cada vez menos estranho...
Meu Deus , meu Deus... Parece
Meu velho pai - que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar - duro - interroga:
“O que fizeste de mim?!”
Eu, pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga.. Que importa?! Eu sou, ainda
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os seus planos enfim lá se foram por terra
Mas sei que vi, um dia - a longa, e inútil guerra! –
Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste
                                               Mário Quintana

Casa da Cultura Mario Quintana
O Hotel Magestic teve sua construção iniciada em 1910 e já em 1923 encontrava-se no seu apogeu, Transformando-se em um marco histórico no desenvolvimento e modernização de Porto Alegre. Com uma localização privilegiada quase as margens do Guaíba, na época, o hotel era um dos mais requisitados da cidade.

O Magestic foi morada de Mario Quintana entre os anos de 1968 a 1980, um dos lugares de onde o poeta observava o dia-a-dia das pessoas e o passar do tempo, matéria prima fundamental para escrever seus poemas antalógicos e célebres pensamentos.
                                                               Antigo Hotel Magestic

Em 25 de setembro de 1990l, após reforma e restauração histórica foi entregue ao público, voltado exclusivamente á cultura, oferecendo artes, cine, teatro, literatura, música, dança e diversas oficinas.

A Casa da Cultura Mario Quintana, instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, representa um dos centros culturais mais importantes do Brasil. Por sua estrutura de 12 mil metros quadrados é considerada um ponto turístico reconhecido da cidade, recebendo mensalmente a visita de milhares de pessoas.
Informações: Panfleto “Programação out/2010” - 20 anos da Casa de Cultura Mario Quintana